domingo, 11 de abril de 2010

Blitz: Tokio Hotel no Pavilhão Atlântico

Vejam abaixo a matéria publicada pela Blitz sobre o show do Tokio Hotel em Lisboa:


Noite de emoções à flor da pele num Pavilhão Atlântico a meia lotação: uma hora e meia de show foi o que bastou para a banda alemã provar que está morrendo aos poucos.

Nos últimos dias muitas foram as notícias sobre o circo montado em torno de mais um show dos alemães Tokio Hotel em Lisboa. A banda de Bill Kaulitz regressou à sala de espetáculos onde há dois anos deixou muitos fãs desconsolados com um cancelamento de última hora (a compensação chegaria alguns meses depois) mas o fenômeno parece estar perdendo gás.

Desta vez tudo foi menos, quando comparando com as outras atuações da banda em Portugal: a histeria foi menor, o público compareceu em menor número (o palco estava montado praticamente no meio da sala e mesmo assim era muito o espaço livre e muitos os lugares vazios nas bancadas) e (pasme-se) a BLITZ não vislumbrou uma única lágrima no final da atuação.

Antes das luzes se apagarem e a gritaria ensurdecedora começar (reveladora, pelo tom agudo, da juventude que se encontrava em larga maioria no Pavilhão Atlântico) já estava tudo a postos. Alguns dos pais sentados ao lado dos seus filhos (uns mesmo muito novos) tinham ar de enfado estampado na cara, outros tentavam esforçar-se para entrar na onda dos filhos, prontos para soltar a energia acumulada durante o tempo de espera. Celulares a postos, vozes esganiçadas a postos e cai finalmente o pano preto que separava o palco dos olhares ansiosos.

O cenário é majestoso, isso ninguém lhes tira: a banda surge de dentro de uma armação de ferro em forma de ovo gigante e nasce para atacar logo no início o tema "Noise", faixa que abre também o mais recente álbum Humanoid com letra repleta de lugares-comuns fáceis de decorar e cantarolar. Os abraços de excitação, os celulares filmando e fotografando, tudo chega ao rubro quando o vocalista Bill Kaulitz entra em ação.

A figura cada vez mais andrógina do cantor, o glam de Ziggy Stardust e uma Lady GaGa desengonçada que em certos momentos parece ter encarnado em Ana Malhoa, continua a deixar as meninas (e alguns meninos - afinal desta vez nem eram poucos) fora de si. Ele corre o palco de lés a lés e lá vai debitando agradecimentos bem estudados e servidos num inglês algo trapalhão. A atuação prossegue com "Human Connect to Human", com ambientes urbanos noturnos em movimento no ecrã gigante que fundeia o palco, e recua depois ao álbum de estreia, Scream, num "Break Away" pendendo para o pesado.

"Quero dar as boas vindas à cidade Humanoid" atira Kaulitz para o público antes de servir o gingão "Pain of Love" e o mais recente (e baladeiro) single "World Behind My Wall", recebido com entusiasmo. Entre mudanças de fatiotas e saídas de palco para entreter o público com vídeos de backstage "fofinhos", há surpresas reservadas: explosões de fogo em "Hey You", falsete mal amanhado mas sentido em "Alien", a loucura de "Ready, Set, Go!" e Bill montado numa moto em "Dogs Unleashed".

"Humanoid" é servido em registo intimista, com direito a guitarra acústica, e a monotonia instala-se pelo menos até o "intimista" "In Your Shadow (I Can Shine)" passar a vez a "Automatic", single que apresentou Humanoid ao mundo e que volta a ser alvo de histeria generalizada. Depois de "Darkside of the Sun", Kaulitz despede-se com uma vênia e um beijinho: "É a última canção. Obrigado por terem vindo, até a próxima". Mas é claro que ninguém ia o deixar escapar tão facilmente e o encore exige com gritos de "Tokio Hotel, Tokio Hotel".

No centro do palco, o vocalista canta acompanhado ao piano "Zoom Into Me", tema que encerra Humanoid, mas havia ainda tempo para o momento mais aguardado da noite. "Monsoon", a canção que a banda canta "desde 2005, todas as noites", é servida em modo automático, quase apagada pelo coro infantil do Pavilhão Atlântico. Parecia ser o fim, com a banda a despejar as últimas garrafas de água para cima das primeiras filas e a atirar baquetas, toalhas e palhetas em todas as direções, mas havia ainda tempo para uma última surpresa: choveram confettis ao som de "Forever Now", antes da banda desaparecer novamente dentro do ovo gigante. Haverá mais para o ano ou depois, quem sabe, mas avaliando pela sala pouco composta desta noite talvez a escolha de local deva ser reavaliada.

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